“Em tudo isto, não pecou Job com os seus lábios”. Job 2: 10.
Para entendermos de que forma Job pecou, voltemos a ler o comentário bíblico à sua reacção às calamidades do capítulo 1. “Em tudo isto, Job não pecou, nem atribuiu a Deus falta alguma.” Job 1:22. Ah! Da primeira vez ele não atribuiu a Deus falta alguma. Mas da segunda vez, quando a dor o atingiu mais de perto, sim. Embora não tenha pecado com os seus lábios (Job 2:10), Job pecou no seu pensamento, atribuindo falta a Deus.
O pecado começa sempre na mente, pois é aí que a tentação nos assalta. “Nenhum homem pode ser forçado a transgredir. É preciso primeiro obter o seu próprio consentimento; a alma tem de propor-se a praticar o acto pecaminoso, antes de a paixão poder dominar a razão, ou a iniquidade triunfar sobre a consciência. A tentação, por forte que seja, nunca é desculpa para o pecado.” Ellen White, Mensagens aos Jovens, pág. 67.
A tentação não é pecado. Mas, antes de mentir, adulterar, matar, roubar, ofender, etc., de uma forma visível ou audível, o pecador teve de consentir primeiramente com o pecado. Isto acontece na mente. Ou seja, teve de ceder à tentação. Ao fazê-lo já estava a transgredir a Lei de Deus, e ao fazê-lo já estava a pecar. Ainda que não tivesse consumado o acto de uma forma exterior! (Fosse por palavras ou actos).
Jesus ensina: “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. Eu, porém, vos digo, que, qualquer que atentar numa mulher, para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela.” Mat.5:28.
“Temos todavia uma obra a fazer a fim de resistirmos à tentação. Aqueles que não querem ser presa dos ardis de Satanás devem bem guardar as entradas da alma; devem evitar ler, ver, ou ouvir aquilo que sugira pensamentos impuros. A mente não deve ser deixada a divagar ao acaso em todo o assunto que o adversário das almas possa sugerir.” Ellen White, Mensagens aos Jovens, pág. 285.
Da mesma forma Job, ao murmurar contra Deus no seu coração, estava a consentir com o pecado, ainda que os seus lábios o não pronunciassem. No seu íntimo, a falta que Job estava a atribuir a Deus era de ser injusto, ao permitir que tudo aquilo lhe acontecesse. Soa-nos familiar?
Estaremos nós a cair no mesmo erro, no mais íntimo do nosso ser, acusando a Deus de ser injusto por permitir que nos sobrevenham provações, a nós que somos Seus filhos e o amamos, que guardamos os Seus mandamentos e que lhe somos fiéis? Será isto realmente assim? Somos nós justos e Deus injusto?!
Pecar em pensamento… Isto é sério, irmãos! A Palavra de Deus diz-nos: “Tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai.” Filip. 4:8. “Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra”. Col. 3:2.
Daí a importância de “não permitir que vossa mente se desvie da fidelidade para com Deus. (…) Até vossos pensamentos devem ser trazidos em sujeição à vontade de Deus, e vossos sentimentos sob o domínio da razão e da religião. (…) Se os pensamentos forem maus, maus serão também os sentimentos; e os pensamentos e os sentimentos, combinados, constituem o carácter moral.
Quando julgais que, como cristãos, não vos é requerido restringir os pensamentos e sentimentos, sois levados sob a influência dos anjos maus, e convidais a sua presença e o seu domínio.
Se cederdes às vossas impressões, e permitirdes que os pensamentos sigam o rumo da suspeita, da dúvida, dos lamentos, achar-vos-eis então entre os mais infelizes dos mortais, e vossa vida se demonstrará um fracasso.” Ellen White, Mensagens aos Jovens, pág. 92.
Foi exactamente isso que Job fez: permitiu que os seus pensamentos seguissem o rumo da suspeita, da dúvida e dos lamentos, pecando assim contra Deus. Ele não confiou na sabedoria divina e, em vez disso, julgou-O na sua limitada visão humana. Pode a criatura julgar o seu Criador?!
Deus conhecia as fraquezas de Job. Foi para impedir que a vida de Job se tornasse um fracasso que Deus o provou na fornalha da aflição. “Assim diz o Senhor, o teu Redentor, o Santo de Israel: Eu Sou o Senhor, o teu Deus, que te ensina o que é útil, e te guia pelo caminho em que deves andar.” Isa. 48:17. Da mesma maneira, Ele conhece as nossas fraquezas, e prova-nos para impedir que a nossa vida se torne num fracasso. Ele quer ensinar-nos e guiar-nos, hoje.
O nosso Pai Celeste nos exorta: “Filho meu, não desprezes a correcção do Senhor, e não desmaies quando, por ele fores repreendido; Porque o Senhor corrige o que ama, e açoita a qualquer que recebe por filho.” Heb.12:5
Possa a nossa oração, cada dia ser: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova em mim um espírito recto.” Sal. 51:10. Amém!
Sem comentários:
Enviar um comentário